Surrealismo
não sei onde eu estava com a cabeça
quando nadei pelos céus de mármore das estrelas
quando me ergui de súbito e mudei
as formas e as órbitas dos planetas
você me disse coisas absurdas
falou em línguas que já não me lembro
pensei estar dentro de um sonho às avessas
de cores bizarras e sons de uma nova frequência
nas frestas do vácuo, o nada absoluto
nas entrelinhas do que sequer foi mencionado
nos termos dum contrato repleto de falhas
pulsava um engano tolo, predestinado
ficamos e fomos, distantes do tempo
presos na liberdade da gravidade zero
e trocamos olhares de puro desencontro
extraditados num deserto estrangeiro.