Dependência Crônica

Essa noite senti seu gosto plástico

Tive a sensação de narina líquida

Adormecida pelo amargo tráfico

Que rasgou minha garganta flácida

Minhas mãos soaram trêmulas

Com as possibilidades bailando tênue

Entre meu raciocínio lógico

E o sentimento frígido

Por instantes tracei planos fúnebres

Para enterrar meus sonhos mórbidos

Arraigado a verdades crônicas

Na linha do tempo insólito

A lembrança branca fétida

Do seu sabor químico

Na minha boca bêbada

Fez meu coração morrer súbito

Trafeguei por extenso túnel

Com antigos medos vívidos

Revivi a paranóia rápida

E avistei meus monstros ávidos

Seus afagos tântricos

Rasgaram minha alma bélica

Sua composição ilícita

Sucitaram meus anseios aos vômitos

Aos poucos me vi em réplicas

Todas armadas e com mira ímpar

Prontas para matar meu corpo ósseo

Pungente de amor e ódio

Senti a repulsa dilatar minha íris

Meus desejos tocarem o estômago

Em demasia uma hemorragia nasal pífia

Inundou meu ser feito música

Acordei desse sonho impávido

Convidado a deitar em berço túmulo

Me vi convicto desse amor público

Assumi minha derrota em rótulos

Agora sei que esse amor dinâmico

Vai acabar com todo o meu físico

Me fazendo olhar a vida por outro ângulo

E me recuperar dessa dependência trôpega.

Dario Vasconcelos

Dario Vasconcelos
Enviado por Dario Vasconcelos em 23/01/2018
Código do texto: T6234225
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