Dependência Crônica
Essa noite senti seu gosto plástico
Tive a sensação de narina líquida
Adormecida pelo amargo tráfico
Que rasgou minha garganta flácida
Minhas mãos soaram trêmulas
Com as possibilidades bailando tênue
Entre meu raciocínio lógico
E o sentimento frígido
Por instantes tracei planos fúnebres
Para enterrar meus sonhos mórbidos
Arraigado a verdades crônicas
Na linha do tempo insólito
A lembrança branca fétida
Do seu sabor químico
Na minha boca bêbada
Fez meu coração morrer súbito
Trafeguei por extenso túnel
Com antigos medos vívidos
Revivi a paranóia rápida
E avistei meus monstros ávidos
Seus afagos tântricos
Rasgaram minha alma bélica
Sua composição ilícita
Sucitaram meus anseios aos vômitos
Aos poucos me vi em réplicas
Todas armadas e com mira ímpar
Prontas para matar meu corpo ósseo
Pungente de amor e ódio
Senti a repulsa dilatar minha íris
Meus desejos tocarem o estômago
Em demasia uma hemorragia nasal pífia
Inundou meu ser feito música
Acordei desse sonho impávido
Convidado a deitar em berço túmulo
Me vi convicto desse amor público
Assumi minha derrota em rótulos
Agora sei que esse amor dinâmico
Vai acabar com todo o meu físico
Me fazendo olhar a vida por outro ângulo
E me recuperar dessa dependência trôpega.
Dario Vasconcelos