Nicomedes Santa Cruz
Queria ser como um pássaro
Voar calmo sobre a terra
Mostrar meu canto
Livre do medo
Queria voar, pensar sem medo
Desnudar de preconceitos
Praticar a liberdade
Mostrar só para quem, quer ver e ouvir
Queria voar nu
Desvendar o olhar alheio
Nu de vaidades
Ser inocente como os pássaros
Queria bater asas para a crítica
Ouvir apenas o vento
A cor das nuvens
Alimentar da amizade dos peixes
Queria achar graça e sorrir para o belo
Fazer algazarra para alegrar uma criança
Ouvir o som da água no vento
Cantar sem medo
Queria voar à tardinha
Recolher-me ao ninho
Dormir sobre o corpo
Despertar apenas para olhar
Queria me desertar das guerras
Não ouvir bombas nem aviões atiradores
Não falar de mortes
Sentir a água me molhar
Queria voar como os pássaros
Sem medo, apreciar do alto todo verde
Sentir o ar frio
Sobre a água que espelha meu corpo
Quero chamar por Nicomedes
Pedir que toque uma música
Cantar com ele as coisas belas
Abraçar todas as crianças da terra!
Está no recanto