BRAÇOS DO TEMPO

Hoje, eu me peguei olhando a janela

do tempo. E nesse pega, pega eu me vi,

menino, sorrindo, pequeno. Vi o meu

sorriso, simples atirado aos ventos, me vi

escorregando pela lama alegre da infância

meu esboço sob poças d'águas, e eu...

Jorrava deslizando pela felicidade da juventude.

Olhando a janela do meu tempo... Eu pulava

amarelinho sobre a minha calçada, enquanto

atirava flechas de sonhos sob o arco

multicolorido do meu arco-íres. Eu corria

pelas chuvas do terreiro e assistia a minha

felicidade voando através das nuvens brancas

como paina algodão. Quando menino...

Eu observava os relâmpagos e corria pelas

chuvas molhando o meu ser inocente.

Hoje aqui, olhando a janela, do meu tempo

me vejo criança, cheio de esperanças e

sonhos, me pego rodopiando ciranda... E me

vejo sentado sobre as margens do meu rio,

flutuando cisma nas águas da saudade.

Olhando a janela do meu tempo...

Eu me pego, admirando os chilrear dos

pássaros e todo abestalhado com o revoar

das borboletas, as quais giram como se

estivessem desenhado os anéis de saturno

sob o ar. Aqui, quando me vejo menino, me

pego andando descalço sobre as areias

observando os reflexos do sol, os quais se

projetam desenhando as arvores sobre as

sombras e o frescor da velha estrada.

Da janela da minha vida, eu me perco sob o

labirinto do meu tempo, para logo me pegar

absolto nos braços dom meu alento.

Antonio Montes

Amontesferr
Enviado por Amontesferr em 21/01/2018
Reeditado em 21/01/2018
Código do texto: T6232258
Classificação de conteúdo: seguro