A aposta
Não sei quando perdi o centro
Ando meio fora do eixo
Quem manda é o calor de dentro
Para o antes planejado sobrou o desleixo
Anarquista do meu pensamento
Para a razão uma afronta
Compenso com movimento
Pois se parar ele apronta
A razão promete o céu como fim da jornada
Se seguirmos ela fielmente
Será uma mentira deslavada
Tentando nos conduzir coercitivamente?
Para o coração não interessa o nirvana
A razão pode apontar para frente
Mas ele sabe a direção e não se engana
Fora do calor ele estará ausente
No final será por sua conta e risco
Das suas pernas descobrirás a serventia
Se escolher da felicidade o confisco
Poderá ter paz exterior por garantia
Ou jogará todas as suas fichas em outro lance
Bem mais arriscado: segurança no lixo
Apostando tudo numa única chance
Mas o coração promete: o prêmio é o bicho!