AS FACES DA RUA
todos o acusam com dedo
fala
olhos
risos
piadas
seu caminhar atravessado
suas pernas bambas
seu ritmo turvo
seus passos lentos
sua vista baixa
prossegue
ninguém o ajuda
todos atrapalham
não consegue desviar
cai de joelhos
rala as mãos
enche-se de sangue
lambuza seu rosto
caminha com joelhos
pede piedade
por favor
ajuda
uma esmola quem sabe?!
enfim
senta-se
a beira da rua
chora de fome
raiva
dor
chove lá fora
muito rancor.