PRAÇA XV
Sob a sombra de tua figueira
Sentado neste banco da praça
Estou a perceber o movimento
Das pessoas que por aqui passam
Num canto da praça
Há um grupo de artistas mambembes
Noutro canto há um grupo artesãos
Em cada pedaço deste chão
Há pessoas de todos os naipes
São jovens atrelados em seus celulares
Madames desfilando com seus bichinhos
Policiais policiando, o que mesmo?
Grupos de turistas posando para uma foto
Da centenária e mais idosa de todas as criaturas
Deste retângulo açoriano
Que um dia serviu de palco
De uma peça ali apresentada
Onde seu ator principal
De um balcão rosado
Resolvera descer de seu pedestal
Enfrentar seus expectadores
Que na praça estavam a assistir
Mais um episódio de uma história Joanina
Também presenciei grupos religiosos
Com seus cantos em desafino
Curar doentes da alma e do espírito
Vi punguistas em um passe de mágica
Surrupiar carteiras dos mais incautos
Encontrei mulheres perdidas
A procura do seu norte
Pois sentia sua barriga vazia
Sua mente confusa
Sua vida sem futuro
Vi camelôs gritando aos quatro ventos
Que seu produto era o melhor
Vi o índio vendendo seus balaios
Suas ervas, suas mandingas
Também vi o seu doutor passar
Com seu celular a falar
Mais uma decisão do juiz
Que o resolvera inocentar
De um desvio milionário
Pelo doutor arquitetado
Vi também o humilde trabalhador
Que na sua labuta diária
Atravessa esta praça
Faça chuva ou faça sol
Para cumprir com seu dever
De Ilustríssimo brasileiro
Valmir Vilmar de Sousa (Veve) 180118