PRAÇA XV

Sob a sombra de tua figueira

Sentado neste banco da praça

Estou a perceber o movimento

Das pessoas que por aqui passam

Num canto da praça

Há um grupo de artistas mambembes

Noutro canto há um grupo artesãos

Em cada pedaço deste chão

Há pessoas de todos os naipes

São jovens atrelados em seus celulares

Madames desfilando com seus bichinhos

Policiais policiando, o que mesmo?

Grupos de turistas posando para uma foto

Da centenária e mais idosa de todas as criaturas

Deste retângulo açoriano

Que um dia serviu de palco

De uma peça ali apresentada

Onde seu ator principal

De um balcão rosado

Resolvera descer de seu pedestal

Enfrentar seus expectadores

Que na praça estavam a assistir

Mais um episódio de uma história Joanina

Também presenciei grupos religiosos

Com seus cantos em desafino

Curar doentes da alma e do espírito

Vi punguistas em um passe de mágica

Surrupiar carteiras dos mais incautos

Encontrei mulheres perdidas

A procura do seu norte

Pois sentia sua barriga vazia

Sua mente confusa

Sua vida sem futuro

Vi camelôs gritando aos quatro ventos

Que seu produto era o melhor

Vi o índio vendendo seus balaios

Suas ervas, suas mandingas

Também vi o seu doutor passar

Com seu celular a falar

Mais uma decisão do juiz

Que o resolvera inocentar

De um desvio milionário

Pelo doutor arquitetado

Vi também o humilde trabalhador

Que na sua labuta diária

Atravessa esta praça

Faça chuva ou faça sol

Para cumprir com seu dever

De Ilustríssimo brasileiro

Valmir Vilmar de Sousa (Veve) 180118

valmir de sousa
Enviado por valmir de sousa em 18/01/2018
Código do texto: T6229433
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.