Estamos  atados




Até quando
ainda teremos o direito de escrever

Coisas conhecidas, sem solução
massacram a sua inteligência

Economia, filosofia

De que adianta questionarmos
o que juntamos ou para onde vamos

Mãos acenando para um céu distante

Fomos
Engaiolados em nosso próprio ser

Coisas que cegam os olhos da alma
Colocamos uma venda nos olhos
Ansiedade
É a única verdade que iremos ter

Morre a nossa fala, na explosão
que implode as nossas vontades,
empurrando para o abismo
Fugimos
dos  nossos próprios pensamentos

Atordoamo-nos
com um tempo inesperado,
diferente
Sem mais espaço para  a desproposital poesia

As pessoas sentem vergonha
de expor os seus ideais
Afinal, o que poderiam ainda dizer

Quanto ao amor e aos sonhos
Estes
são somente poeiras de lembranças

Caminhar  é só um jeito de sobreviver.

Trafegamos por sobre estraçalhos
de nossas construções
e de inúteis tentativas,
Fitando sufocados, os olhos tristes da esperança.

Não importando mais
a idade,
o estado civíl ou posição social
Não digerimos antes o que foi alimento
engolimos tudo o que nos faz mal
e somos engolidos pelos desesperados pensamentos

A humanidade agora dorme
Se é que, ou quando consegue.
Sem a certeza, se, à luz do novo amanhecer
Relutando,
ao final de mais um dia
conseguirá  alcançar outro anoitecer

É uma guerra silenciosa
onde cada um inventa
Seu novo jeito da triste realidade esquecer.

_Agora por que não me responde,
o que ainda podemos escrever?

No peito a dor se espalha,
sem respostas, sem ter quem possa nos socorrer

Pois  se a humanidade dorme
Por admitir que já não vale a pena despertar

Desolados
Estamos atados, sem  podermos mais sonhar, 
acreditar.
Estamos em sobressaltos, esperamos o pior,
Sem saída,
Sem sabermos  mais o que iremos fazer.



 
Liduina do Nascimento
Enviado por Liduina do Nascimento em 18/01/2018
Reeditado em 18/01/2018
Código do texto: T6229158
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