Navalhadas na alma
Ah! que saudade
De você soprar em meu barco
E eu navegar em seus beijos
De me aconchegar em seu enlace
Como uma calma tempestade...
A cada manhã eu vejo o vazio que você faz
A areia que simboliza cada momento nosso, voa
Voa para bem longe
O raiar do sol acromático
As cinzas nuvens no cerúleo
Tudo compactua para uma manhã tristonha de inverno
Sim, sinto um frio no coração
Gélidas sensações perpetuam a minha dor
Não a vejo mais sorrindo pra mim
Estou derribado em minha poça de lágrimas
Prostrado em sofrimento no qual não deveria existir
Oh! que saudade
Dos tempos que falávamos sobre qualquer coisas
Dos risos por falarmos coisas bobas
Imiscíveis ao acalento que um dia nos fez
E que hoje jaz em um sepultura amarga
Que parece que jamais existiu
Será que o amor faz nascer bosques sem cores e vazios nos corações?
Será que amar é uma mazela que aos poucos vai se tornando o fim do túnel?
Aquele vergel, belo, sereno...
Aquele que matizou um brilho sem igual
Procurei nas estrelas, baguncei as estantes e nada vi
Fui ao deserto da melancolia e me perdi
Lá estou até agora
E por incrível que pareça aqui tem flores,
Porém elas são defeituosas
Penso que nada disso é real
Contudo, eu me embriago com o olor da perda
E por cada centímetro do meu corpo
Você passa habitar como navalhas...