Navalhadas na alma

Ah! que saudade

De você soprar em meu barco

E eu navegar em seus beijos

De me aconchegar em seu enlace

Como uma calma tempestade...

A cada manhã eu vejo o vazio que você faz

A areia que simboliza cada momento nosso, voa

Voa para bem longe

O raiar do sol acromático

As cinzas nuvens no cerúleo

Tudo compactua para uma manhã tristonha de inverno

Sim, sinto um frio no coração

Gélidas sensações perpetuam a minha dor

Não a vejo mais sorrindo pra mim

Estou derribado em minha poça de lágrimas

Prostrado em sofrimento no qual não deveria existir

Oh! que saudade

Dos tempos que falávamos sobre qualquer coisas

Dos risos por falarmos coisas bobas

Imiscíveis ao acalento que um dia nos fez

E que hoje jaz em um sepultura amarga

Que parece que jamais existiu

Será que o amor faz nascer bosques sem cores e vazios nos corações?

Será que amar é uma mazela que aos poucos vai se tornando o fim do túnel?

Aquele vergel, belo, sereno...

Aquele que matizou um brilho sem igual

Procurei nas estrelas, baguncei as estantes e nada vi

Fui ao deserto da melancolia e me perdi

Lá estou até agora

E por incrível que pareça aqui tem flores,

Porém elas são defeituosas

Penso que nada disso é real

Contudo, eu me embriago com o olor da perda

E por cada centímetro do meu corpo

Você passa habitar como navalhas...

Felippe Lacerda
Enviado por Felippe Lacerda em 16/01/2018
Código do texto: T6228056
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