Afunilando sonhos

Tão sovina era o avaro

Que no vazio buscando amparo

Tinha que um amor comprar

Achou demasiado tomar para si o mar

Pegou para singrar apenas um lago

Sem sereias que lhe dessem afago

Sem grumete que gritasse “Terra à vista”

Sem gaivota anunciando terra

Sem marolas que a calmaria despista

E as namoradas em cada porto?

Somente a dobrões ele se aferra

Tinha uma bússola com ponteiro torto

Tinha uma âncora cravada no fundo

Que não lhe deixava conhecer o mundo

Fixando-se no o lugar das arraias

Avistava as margens, nunca a praia

Regateando um barco, comprou um barril

E o sol, só bronzeava de um lado o seu perfil

Roberto Chaim
Enviado por Roberto Chaim em 16/01/2018
Reeditado em 16/01/2018
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