Este poema...
Não sei quando foi que escrevi
Este poema
Talvez tenha sido noite passada
Talvez tenha sido amanhã
Este evento recorrente
Não sei quando as palavras vieram
Parar aqui e antes
Como se tornaram palavras
Entre nós
Desatados e avessos
Não sei se este poema é só
Uma repetição
Daqueles muitos que escrevi
Desde que morri
E desenterrei minha raiz
Não sei se escrevo
Agora
Ou se guardo palavras pra depois
Quando a economia do silêncio
Virar correspondência
Não sei exatamente o que se passa
Quando nada passa
E o poema é sempre o primeiro
Sem qualquer notícia
De onde vai aportar
Não sei. Nada sei. Não sei sequer
O próximo verso
O que me obriga a encerrar
O que não se encerra: este poema...
Quem sabe por algum Outro sentido.