As formigas passeiam
pela mesa onde eu escrevo poemas
... sobre formigas que passeiam.
 
Eu, ainda meio aéreo,
mato uma por uma...
com o dedo polegar
direito.
 
Elas querem o resto do meu café
que eu não vou beber
mas também não quero
 
Que elas tomem, também.
 
As pessoas são assim...
As pessoas ao meu redor...
 
São formigas famintas
querendo alguma coisa
num copo gigante...
 
E inacessível.
 
Elas vão subindo
e subindo... e subindo...
se matando, se ajudando
 
Subindo, subindo...
 
E seu tempo de vida
passando...
sem pensar mesmo, no que estão
fazendo...
 
Até que um gigante polegar
surge, tapando o sol
ocupando o lugar das nuvens.
 
Ele surge:
 
Horrível. Implacável. Inevitável.
Acabando com seus sonhos.
 
 
 
Enquanto os outros animais
aguardam, parados no solo,
preguiçosos, invejosos, ansiosos
 
Afim de lhes dizer:
 
"você quis, muito mais
do que podia ter.