A esquina do Mercado

Entro no mercado e aquele cheiro

Tudo misturado e gritaria o dia inteiro

O preço chama o gado,

Compram pra fugir do desepero

As pessoas cheias de si

Vagando assim como vago

Em ruas preenchidas de passado

E esquinas impedidas de sorrir

Temperos, queijos, rações e vegetais

Mais ativos até que certos animais

Que jogam na sacola mantimentos no momento

E depois pago e levado, já não se quer mais

Comprar e vender, viver nesse ciclo

As pessoas são de negócios,

E o sentimento é enrustido

Porque nelas há mercado, há que fazer

Ver, querer, tantos livres escravos

Capitalizados por assim dizer

Todo cordialismo é tão vago

Que me levo a refletir o que querer,

Se algum produto, ou um diálogo do mundo:

Quanto é? Faz por menos? Pode ser!

E nesse mundo de gente sem ocupação

O próprio capital é a decepção, na falta do poder

Reduz e conduz o sujeito de um jeito

Que todo mundo é ninguém com papel timbrado

Se tem conta é da conta, do mundo e do mercado

Que na esquina encontra o melhor ponto, o cruzamento

Onde dia é música e alegria, e a noite o corpo é sacramentado

Elas desfilam sob a lua incandescente

É hora de mercado, começo do mês, vai ter cliente

E assim o mercado não para, de dia comida agradável

A noite corpos a deriva, numa sociedade vendável