Retrato escrito: uma menina e sua prima.

Aquilo era um quadro.

Aquilo era um quadro

Ou uma janela?

Eis uma menina

Ou uma boneca?

Eis uma foto

Em uma janela.

Onde você vê

Uma janela,

Alguém vê

A superfície

Tridimencional

Fotografada.

Onde você vê

Uma menina,

Alguém vê

O além da menina,

O além-moça:

A superfície rasa

Da menina dos olhos,

A menina,

Agora moça,

Interoculação.

Ela é você.

Onde você vê braços,

Ela vê o sentido tático.

A tradução perfeita

Da energia assistida

Até o cerebro.

Tua leitura, leitor,

É materia-prima.

Onde você vê o preto,

Alguém vê o branco.

Quando âmbas,

Colorido.

A menina chupando o dedo,

A infância chupada

Da inocência enxuta,

Vida chutada

Por um pé pequeno e frágil.

A inocência chupada,

Frutificada e aflorada.

Oculta-se a face da menina,

Percebe-se os braços nus

Carregando um corpo,

A menina.

E o tempo

Vai passando,

E a janela é foto.

Ainda se problematiza isso?

A janela está dentro do quadro

Ou é o quadro que está dentro da janela?

A menina se destaca,

A menina é rainha

Da foto,

Da janela, quero dizer.

E assim a infância nunca morre.

Perpetúa.

Breno Leal
Enviado por Breno Leal em 12/01/2018
Código do texto: T6224577
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