Tortuoso caminho
Vinha caminhando há léguas, estradas hostis e incrédulas
Que sempre me jogavam pro fim
Vinha numa estrada que me é traçada
Obstáculos e barrancadas que podiam ser moradas
Quando se necessita parar e refletir
Foi seguindo e doendo que fiz meu seguir
Não tinha estrada, só um ser por morrer em existir
E que precisava de morada, em um mundo e dentro de si
E a estrada estava traçada, na vida ela se firmava
Ninguém nunca a calçara, meus pés é que a moldara
Demorou mas eu subi, deu mais de muitas horas, mas eu consegui
De longe nada avistava, ela me assustava, e tinha sempre mais a subir
Mas assim foi, e nela sempre decidi seguir,
Meu legado, antepassado, mesmo cansado, ei de cumprir
Senti frio, dor e arrepio, senti calor e medo de cair
Pensei em morrer, pra pensar em desistir
Mas a morte já é presente certo, assim, devo seguir
Nesse meu último momento vivo, a vida passa por mim
Não para, nunca para, só debocha, indiferente e segue
A vida na nossa insignificância, grandiosa se mede
E indiferente a uma dor que pra ela é dormente
Nada pra tu se importa, e tudo é todavia uma causa morta
As coisas se multiplicam em sentido ausente
Em verdade é nos dito, que nada se pode fazer
Deveras isso no foi dado, com dor e com prazer
E isso nos deve ser vivido, sem sentido corrigido
É a estrada curvada e ladeirada prestes nos mover
Matando quem nela sobe, quem nela desce e quem vai morrer
O sentido é o meio desmedido, o que se sente inquirido
Viva e prossiga, perdido, mas acolhido, esse é o sentido
Uma vida, uma búlsula nas mãos, prestes a explodir.
Sem seta, sem curva ou reta, rodopias em si mesmo
E em si mesmo, há de parar e se descobrir...