Homilia da bem aventurança
Esse peso todo em minhas costas
Essa cruz que não se mostra
Tenho culpa?
Devo carregar tanto fardo por apenas viver?
Devo ser crucificado sem ter pão nem água para sobreviver?
Devo tanto assim sem saber?
E a hipocrisia que é sua
Não minha
Por que devo tê-la como chumbo?
Não me venha com falsas verdades
Ou profecias enganosas...
Pesam, meus ombros
Na mira do olhar rispido de culpa
Que me é lançado...
Sou errado?
Sou o erro da criação
Pelo fruto saboreado da convicção?
Não quero o fardo
Nem a cruz que me puseram
Por essa negra carne
Escarlate de compaixão
Não quero a sentença
Nem a concupiscência do seu sermão
Que me açoita a alma
Em frangalhos
Despedaçando o que nem sou...
Por que sou apenas culpa
Peso
Cruz
Erro da criação...
Todos culpam a mim
Por provar do fruto que nem desfruto
Pelo princípio da negação:
Não tenho direito, apenas ofício de carregar o fardo
Que puseram sobre meus ombros
Por nascer assim!
O meu peso que não é o seu
Posto que somos opostos
Está posta a condição:
Vários pesos e tantas medidas
Para bandear a culpa-prisão
A mim que sou
A parte mais frágil da opressão.