AMARGURA

Venho, venho sim, ganhar nesta noite o beijo

Que todo pecador oferta em sinal de traição,

As impurezas da madrugada são tranças e fitas

Qual letal amargura que derrama sobre o ventre!

Sobre o leito dos devaneios devassos há remorsos

Esculpidos diante das máculas tingidas de sangue...

Sobre o gozo das hipocrisias dorme o verme caótico

Que tudo sabe a respeito das indecências do mentir...

Marca-se de esterilidade o sonho capenga que é vício

Da pobreza inata do espírito que se talha sobre o peito

Enquanto se rói das flores da primavera apenas incenso.

Foge-se o tempo mediante a caduquice das hortas tontas

E na mortalha da vida pinta-se de azedume velho coração

Já cansado de salpicar sobre o corpo suas batidas de medo!

DE Ivan de Oliveira Melo

Ivan Melo
Enviado por Ivan Melo em 11/01/2018
Código do texto: T6223656
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