AMARGURA
Venho, venho sim, ganhar nesta noite o beijo
Que todo pecador oferta em sinal de traição,
As impurezas da madrugada são tranças e fitas
Qual letal amargura que derrama sobre o ventre!
Sobre o leito dos devaneios devassos há remorsos
Esculpidos diante das máculas tingidas de sangue...
Sobre o gozo das hipocrisias dorme o verme caótico
Que tudo sabe a respeito das indecências do mentir...
Marca-se de esterilidade o sonho capenga que é vício
Da pobreza inata do espírito que se talha sobre o peito
Enquanto se rói das flores da primavera apenas incenso.
Foge-se o tempo mediante a caduquice das hortas tontas
E na mortalha da vida pinta-se de azedume velho coração
Já cansado de salpicar sobre o corpo suas batidas de medo!
DE Ivan de Oliveira Melo