MEMÓRIAS DE UM PARAFUSO.
Sofri o maior
de todos ultrajes,
penetrei na carne
mais dura de uma
peça,
recebi pancadas,
me entortei e me
endireitei,
fui esquecido nas
entranhas escuras
da carne da negra
moça.
Lembro-me não
havia gretas,
seu corpo era uma
massa
compacta e muda,
me forçaram a penetrar
seu corpo imaculado,
e assim entre ruídos
e choros me vi
escondido para o
resto da minha vida.
longo foi o tempo de
penetração,
e o pó negro solto ao vento
levava todo meu medo,
enfim acabou o sofrimento,
eu e ela nos tornamos
amante para sempre.
o tempo foi então passando,
chuva , sol, frio, e
meus medos nas noites cruéis,
e suas dores sustentando
o peso, as alegrias e as
tristezas de uma família.
Hoje me resta as memórias,
ainda ouço
o momento do ato e
a dor do encaixe eterno.
Neste exato momento
nos sentimos velhos,
a tempo que não vejo
nada senão a escuridão
de uma amarga solidão,
durarei por tempos
neste ambiente insosso,
este é meu lugar,
daqui desprezo minhas
lágrimas,
e ouço o pulsar ácido
de sua carme,
morreremos juntos
em outras dores,
assim é nosso destino.