Exercício de olhar
Rebuliço das águas
Torvelinho intenso
Fura o peito e acomete a garganta
Lágrimas furtivas
Olhos que buscam
A luz em um túnel
Difícil de atravessar
Ondas do mar espraiam
Esparramam conchas
Nesta areia morna...
Um vai e vem ritmado
Movimento o qual
me esforço a sustentar
Passam as horas
Passo sem atravessar o tempo
Busco em vão a energia
Para o vazio do lugar
O vazio... Eu devia apreciar o vazio
Libertar-me das construções
Demolir as edificações que ergui
E falta-me a vontade
Vejo em mim só teimosia
Mas não me zango
Tenho ao menos
A compaixão de mim.
Cláudia Machado
9/1/18