Vivendo em/entre ruínas

Um banho de sol em Siracusa,

Na Grécia os olhos de Medusa,

Nas pedras, que um dia foram musas,

Os restos, de um passado que condena,

Os ossos, de um povo em suas ruínas,

As colunas que sofrem, com uma lenta gangrena,

Vivendo ao lado de vultos,

Corroídos, marcados, à morte lenta/agonia, em seu martírio,

O brilho mórbido de sua sangria,

O sol mediterrâneo, sempre um novo dia, sempre a mesma luz,

A força do seu fogo, que nos dá a vida, que acende as nossas chamas,

E que as condena, em sua partida, que nos conduz em sua trama,

Um problema não-resolvido,

Uma beleza, o tempo e o seu desafio,

Resistem em pé, ou sem capricho,

Dorme e ao lado, a glória de um passado,

Reza um deus semita, coruja pagãos alados,

As suas asas de ouro, que brilham mais que o sol mouro,

As suas estátuas majestosas, que sobem mais alto que as igrejas rosas,

Vivendo e respirando, o que Cronos não pôde separar,

O brilho de uma era, o presente e o que virá,

Vivendo e sendo essas ruínas,

A ruína que é a vida, sua única certeza

Ser tudo e depois deixar