Um poeta cuidando do trânsito

Puseram um poeta no meio da rua

Ele falava de coisas que ninguém via

Contava da menina que nunca se amua

Até para o poste sobrava apologia

Só porque a rua ele alumia

Contava da menina feia do mercado

Que do amor já havia desanimado

Nunca revelando que pensava em casamento

Mas que para casar já havia feito juramento

Foi ele quem disse que na rua tinha um bosque

E fez do bosque um céu, para botar nele um anjo

E que nele um menino tímido tocava banjo

Delatou que o dono da loja era um escroque

Chegava a ser, por vezes, pouco discreto

Mas só um pouco, deixava tudo incerto

Mas todas as revelações eram um livro aberto

Sabendo que no meio da rua havia um poeta

Brigava-se em versos, beijos dados em gorjeta

Qualquer emoção no meio rua ficava inquieta

E sentava-se de mãos dadas nas sarjetas

Roberto Chaim
Enviado por Roberto Chaim em 08/01/2018
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