Vernissage
O roteiro à entrada
Derramadas revelações a cada mistério
Todos meus doze trabalhos expostos
Cito, eventualmente, Penélope
Uma vida narrada em tela
Um Louvre escancarado às visitas
Invasivos, frustrados artistas
Galerias vasculhadas por turistas
Tomadores de inspiração, oportunistas
Pobres cães, que não têm alma
E buscam almas em museus
Em almas alheias,
Buscando em outros, espírito seus
Minha inspiração pendurada, à mostra
Um segredo que lhe foi revelado
Aberta a um estranho convidado
Existe a ameaça de uma bomba a pairar
Evacuem o prédio, deixem o lugar
Atônito, me arrependi do seu assédio
Recolho todas as minhas peças
Embalo, para retorno, minhas lucubrações
É minha alma, é meu espírito
São minhas assombrações
Só eu me aproximo, só eu visito
Afinal, é o meu recôndito
Ninguém vai ler minhas entranhas
Nelas não faço predições
As telas voltam para os meus cavaletes
São refeitas as alianças,
Dos anéis, com os meus cinzéis
Não farei da minha obra minhas intrigas
Só conto, em aberto, o trivial
Sentado na praça, tomando café
Distraído, e lendo um jornal