O sal da vida
Não faça versos sobre acontecimentos
Profetizou Drummond
Enquanto eu cozinho
A pedido da boca e corpo
Dos meus filhos
A quem chamo
Deixo que provem
O tempero
A vida
Enquanto o fogo aceso
Escreve dentro de mim
Que nenhum calor é vão
Que nenhum amor vai
Sem que volte
Sem que se espalhe na horta do mundo
Enquanto eu rasgo as folhas
O talo repleto de seiva me devolve a terra
Eu que abracei as árvores pela manhã
Ao som dos meus filhos correndo livres no parque
E o sal da vida escorrendo
Deles
De mim
Que remetia dali um cartão postal
Escrito nas dobras das minhas entranhas
Depositado aos pássaros
Selado ao vento
Leio agora no alimento que preparo
A resposta
Enquanto todas as janelas da casa
Abertas
Me doam ao mundo