Diante de ti!
Hoje diante de ti, me vi
Oh! Meu algoz querido,
Em tuas mãos rijas,
de frio e de cólera,
a vontade de ter meu coração palpitante!
A vontade de tê-lo entre seus dez dedos ansiosos,
E num profundo silencio,
entre soluços esparsos,
Pingos cronometrados,
da seiva da carne minha,
A mesma seiva da tua carne,
Mesmo sangue de teu sangue!
Ah! Meu algoz querido!
Em tua face gélida,
entre seus olhares vidrados,
Vi teus desejos escancarados,
em uma única palavra...
A vida minha meu algoz querido, fadada,
Ter como casa a campa, e por companhia, ossadas...
E por fim para as futuras horas,
por fim ser pó, e mais nada,
Por fim ser uma mancha em tuas mãos ávidas...
Que tu, em um único gesto, me transforma em nada,
Por que me matas, aos poucos me matas,
de amar-te...de querer-te, e nada?
16/10/79