De noite!

À noite fecho meus olhos,

Mergulhando profundo em mim,

Sentindo, bem no intimo,

Em pleno mundo, tamanha solidão!

E penso em um amor adormecido,

E sonho,

Com os olhos estatelados,

Presos na amplidão!

Com o olhar preso no vazio,

Vôo num vôo noturno,

A querer pousar em teu coração!

Quero sentir o palpitar em teu seio,

Sob o peito em que quero deitar...

E assim vibro de amor, ensandecido!

Mas que loucura e que blasfêmia,

Que ato vil de pirataria,

Roubar-te o aconchego, enquanto é noite,

Estas adormecidas!

Mas amada o que posso eu fazer ainda,

Se tão pouco tenho estado contigo,

no meu caminhar, na minha lide, na minha vida!

Se tu me deixas, se eu te deixo,

se de mim se distância,

se de ti parece que me perco...

E a noite me abraça,

e uma saudade louca me abraça,

me queima, enquanto dormes...

Eu teso de saudade,

rolo na cama!

11/03/83