SALTO MORTAL de SONÂMBULO
O sabor da Fêmeas ferve banquetes carnais
Tanta carne estendida sobre os rios!
que dourava a água urina deliciosa e embriagante
Transcamaleonicamente amor! do café preto nascecolor uma cidade espumosa
onde o sol é uma pitada d' açúcar infante
O amor que aos homens tange feito cordas de uma guitarra sensual
desfila, céu ante céu, vagarosamente, como sonâmbulo no patamar eterno
As ruas sentem os arrepios que nós passamos
para delícia dos vampiros de almas
Rimbaud amando Gilka Machado no último andar da espiral do universo
Quantas mulheres esperam o corpo dos guerreiros
e súbito o desespero diante do intraduzível
a morte num salto-mortal por entre o inferno
Guindastes transportam manhãs sobre viadutos
onde o porteiro infernal afoga a cidade com a água
saída dos furos da flauta
A jugular do anjo-prostituto cheia de pedra
cada olho uma fogueira cada homem traz
uma orgia romana entre os dentes
Leões de fogo sentados na escada,
embaixo o lago de águas espelhadas
O fim da canção apaga a noite
sopra os corpos imprecisos das estrelas
chegamos às margens dos pássaros mammy! feros
aonde a lua é uma teta a se oferecer.