ATAÚDE

Cada vez mais,

estamos apertando nossas presas

na garganta da fotossíntese.

Brincamos de afiar

nossas navalhas

nas geleiras.

O surf dos icebergs

estão adiantado

os relógios.

O vento já não disfarça

o beijo quente

nas ampulhetas nuas.

Tecemos nossas teias de caos

fazendo do sonho com as estrelas

escandalosamente uma virtude.

Não ouvimos os gemidos do moribundo

que não está apenas doente,

ele também será o nosso ataúde.