em algum tempo da vida

Em algum tempo da vida

Em algum tempo da vida

Me perdi pela aí…

Perambulando desvividos

Por praias, matas, serrarias,

Cercanias de cidades…

Em algum tempo da vida

Me reencontrei pela aí…

Casei-me, fiz filhos e casas

E progressos e poesias…

Em algum tempo da vida

A história me alcançou,

A minha história,

O fazer da vida minha.

Em algum tempo da vida

Me encontrei à deriva…

E cá estou, lembrando

O vivido em pontos da vida.

Paro para tomar fôlego

E me procurar, perdido

Em algum tempo da vida

Deixado ficar numa cicatriz

Perdida entre tantas,

Saradas com o tempo…

Esse remédio, irremediável,

Entre suspiros e lágrimas,

Entre silêncios e gargalhadas

E vontades vencidas

Pelas idades vividas

A desninhar aqueles sonhos

De algum tempo da vida

Que vivi, que não vivi…

Que descrevi no que escrevi

De sentidos e sentimentos,

Mesmo cruéis, desabonadores,

Momentos a ser lembrados

Nesta tarde chuvosa quando

Não quero sair da cama

E me sinto, enfim,

Desastrosamente aposentado

Nesse tempo de existência

Que não se encaixa

Naqueles tempos da vida

Que me propus descrever

Em poucas palavras, parcas,

Com ponto e vírgula

e vírgulas sem ponto final,

Só mais uma vírgula,

Afinal.

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sergio donadio
Enviado por sergio donadio em 03/01/2018
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