Cisnes Perolados
Eis graciosa robustez feminina
presos a espáduas mimosas,
mas incisivas n’alma
Por quê ela os traz sempre assim?
Nus constantemente
Belos, cheios e rijos
“ Que não perdem a côr, nem maciez, nem encanto
Por viverem suspensos no ar “
Que o diga o mestre Machado
Como não ficar embebido
nesse doce enlevo?
como dissipar essa visão graciosa
impressa na memória?
Minhas tendas de repouso,
redes recamadas de jasmins
que me embalam ao sabor de doces sonhos
parecem bafejar dos seus poros,
um bálsamo inebriante, cálido
sândalo mesclo em mel e fel
que como um colibri sedento e lânguido
quis sorvê-los com voracidade
nunca vi outros tão bonitos,
tão frescos e tenros, sedosos
ora amêndoados, ora ruborizados, acetinados
ora porcelanas café-com-leite
salpicadas de deliciosas pintas em semi-tons ,
onde devem ser produzidos os seus moldes?
Será no artesanato de querubins?
Ou na recreação de serafins?
Ou das asas caídas de anjos,
Que aprendem a voar?
Como não prostrar-se diante do Criador
ao apreceiar com deleite, embevecido
seus belos braços,
como me desprender, me soltar, fugir
destas cadeias delgadas,
e prazeirosamente flexíveis
memoráveis,
cisnes perolados, alados,
a deslizar plácidamente
num rio de lavas incandescentes
como abandonar,
este cárcere paradisíaco?
assim, só me resta ouvir de você,
ao controlar a ansiedade latente:
que estou condenado a prisão perpétua.
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