Cisnes Perolados

Eis graciosa robustez feminina

presos a espáduas mimosas,

mas incisivas n’alma

Por quê ela os traz sempre assim?

Nus constantemente

Belos, cheios e rijos

“ Que não perdem a côr, nem maciez, nem encanto

Por viverem suspensos no ar “

Que o diga o mestre Machado

Como não ficar embebido

nesse doce enlevo?

como dissipar essa visão graciosa

impressa na memória?

Minhas tendas de repouso,

redes recamadas de jasmins

que me embalam ao sabor de doces sonhos

parecem bafejar dos seus poros,

um bálsamo inebriante, cálido

sândalo mesclo em mel e fel

que como um colibri sedento e lânguido

quis sorvê-los com voracidade

nunca vi outros tão bonitos,

tão frescos e tenros, sedosos

ora amêndoados, ora ruborizados, acetinados

ora porcelanas café-com-leite

salpicadas de deliciosas pintas em semi-tons ,

onde devem ser produzidos os seus moldes?

Será no artesanato de querubins?

Ou na recreação de serafins?

Ou das asas caídas de anjos,

Que aprendem a voar?

Como não prostrar-se diante do Criador

ao apreceiar com deleite, embevecido

seus belos braços,

como me desprender, me soltar, fugir

destas cadeias delgadas,

e prazeirosamente flexíveis

memoráveis,

cisnes perolados, alados,

a deslizar plácidamente

num rio de lavas incandescentes

como abandonar,

este cárcere paradisíaco?

assim, só me resta ouvir de você,

ao controlar a ansiedade latente:

que estou condenado a prisão perpétua.

davicartes@gmail.com

poesiasegirassois.blogspot.com

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Davi Cartes Alves
Enviado por Davi Cartes Alves em 24/08/2007
Reeditado em 12/10/2007
Código do texto: T621480
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