Do amor (in: Flor em Flama)

Como dizer belas palavras

Daquela que detém

Toda a beleza?

Tento, humildemente,

Cumprir tão árdua porém

Prazerosa tarefa:

A de louvar-lhe as feições

E imortalizar-lhe a beleza

Em palavras.

É difícil,

Verdade seja dita

(Ainda mais para aqueles

Que não possuem o dom das palavras,

Tal como este humilde poeta),

Mas não há prazer maior

Que o de fazê-lo.

Por vezes,

Fogem-se-me as palavras

E não as encontro

Para poder descrever

A tamanha graciosidade e donaire

Desta minha musa amada.

Chego então à conclusão

De que seria talvez impossível

Cumprir tal missão.

Eis o motivo:

Tal musa,

Por ser única,

Não pode ser expressa por outrem,

Ela, sozinha,

Já é a expressão de si própria.

Que se pode fazer então?

Apenas sentir.

Não apenas sentir o aroma

Suave e perfumado

Que exala de seu corpo,

Ou sentir a beleza

Do mais belo sorriso

Em seu rosto alvo,

Ou ainda sentir o toque aveludado

De sua pele

E acarinhar suas mãos

Pequenas e delicadas...

Não, não é só isso:

É também sentir

No coração

O fogo ardente do amor;

Alegrar-se

Quando ela se alegra;

Entristecer-se

Quando ela se encontra triste...

É também regozijar-se

Com sua simples presença,

A meu lado,

Respirando o mesmo ar

Que eu...

Basta-me um olhar,

Um sorriso;

Basta pensar nela

Que me dou conta

De que vale a pena

Viver.

Não se pode descrevê-la

Com simples palavras:

Pode-se apenas senti-la

E amá-la!