UM CLIPE
UM CLIPE
Lá está ela
Na favela
Tão brasileira
Que se espraia
Fora da praia
Onde o bronze
Com isolante
Faz fita marcante
Marcados todos
Pelos engodos
Que a vida apresenta
E orienta ou desorienta
Num funk sem samba
Na bunda bamba
Na carne que abunda
Na cabeça que afunda
Na barafunda
E surgem os críticos
Os íntegros
Os míticos
Os místicos
Os milicos
A grita dos sem vozes
Dos atrozes
Que se mostram
Que chocam
Aos incautos
Aos cegos de vida
Que só veem
A exuberância das carnes
Esquecem-se dos corações
E invejam a grana
De quem não é bacana
Que lhe dá banana
Ignorando a quem o ofende
E mostra nossa cara
De peitos e pernas abertas
De traseiros balançando
Defecando e incomodando
Aos que se julgam melhores
Que no fundo bem fundo
Gostariam de deixar a pele
Marcada pela fita
A fazer fita
Em praias elegantes
Entre traficantes
Sem Anittas
Gostosas e bonitas
Recebendo visitas
De tantos parasitas
Fantasiados de vestais
Que não passam de marginais
Acoitados pelos capas pretas
Símbolos maiores de nossa
Extrema desigualdade
E desdém por gente
A não ser os de sua facção