Sem Camisa de Bermuda e Chinelo
Lá na senzala o Negro já cantava
Lá no arado o Negro já cantava
Sem carta de alforria
Sem herança
Sozinho e sem família
Só na lembrança dos seus queridos
O Negro teve sempre ao seu favor
O ritmo e a melodia
Sempre falando de amor
Tanto a melodia triste quanto a melodia de alegria
Ele priorizava isso
A liberdade da alma e do canto
Desde o passado o Negro já dançava e rezava pra Santa Ifigênia
Santa Anastácia e Nossa Senhora Aparecida
Sem terra e sem teto
O Negro já fazia a festa na avenida
O Negro não é só lamento
O tempo passou e o Negro continua desfilando
Soberano no meio do povo
Sempre singelo de bermuda e chinelo
Sem camisa e de boné
Negro é o dono do morro
É assim que é!
Anos depois da abolição
Negro é muito grande
É o rei do batuque
É a grande Nação Nagô
Viva todos os terreiros do mundo inteiro
Viva todos os afrodescendentes
Obrigado São Benedito
São Baltasar e Santo Elesbão
Obrigado pela intercessão
O pranto passou
E agora o momento pra gente é sensacional
Pra algumas vidas muito especial
A nossa!
Faço desses longos dias o meu sincero e eterno carnaval