QUASE SOLIDÁRIO
Noite fria,
extremamente fria,
infindável agonia,
meus passos apressados,
nas ruas sombrias,
vejo ossos congelados,
dos corpos amontoados
nas calçadas congestionadas,
de moribundos sem tetos,
almas aflitas, empilhadas,
congeladas a céu aberto,
de braços cruzados,
apressado, saio de perto,
correndo pro meu teto,
nas cobertas escondido,
divago super aquecido...
nos pensamentos solidários,
sou um avestruz comovido,
penso nos esquecidos,
e vou dormir quase em paz,
durmo o sono dos justos,
alma vivas congeladas,
embrulhadas em jornais,
sentimento de culpa jamais,
fui solidário uns momentos,
samaritano em pensamentos,
durmo e acordo sem dilema,
não faço absolutamente nada,
só jogo a culpa no sistema.
Autor Benedito Morais de Carvalho (Benê)
Livro: Quase Poético
Editora CEPE (1994)
Poema revisado