Ilhados
Quando bateu no vidro da janela, ousou, pois encontrou a luz da esperança, apagada, o silêncio da noite nem assustava, a velha expressão era fatigada, isolada, escrevia por escrever, qualquer coisa só para ver os pensamentos transformados, meio mal interpretados, coisas secretas caladas, dessas coisas que precisamos esquecer.
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Restavam dois ou três vagalumes ainda. No mais, nada lá fora interessava, nada estava agradável, o vazio incomodava, algo por dentro pedia vida e por ela gritava, doía olhar ao redor e nada enxergar. Foi quando os meus olhos encontraram os seus olhos amados e inconfundíveis, olhos duma poesia incompreensível, de rara beleza, que se nada de meu dizia, a minha alma queria, como queria.
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Quis penetrar em sua ilha, em seus intentos, suas idas e vindas inúteis, ao meu amor. Depois, caminhei noites e noites ao teu redor querendo dizer que sem seus os olhos eu seria eternamente só. Roubei um pouco da sua voz em minha criação achava impossível lhe ouvir. Ouvi, bebi a sua voz, quantas vezes com ela em minha lembrança, feito acalento para os meus soluços, dormi. Não consegui chegar, em cada tentativa naufraguei, mas só eu sei, ilhada, em cada linha, e em cada tentativa de ir, eu lhe amei.
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