_______________________SER DOMESTICADO
_ Para o chão - com o peso do corpo -,
ser domesticado
- de fraudar as asas -!
- Esbravejou o Tempo.
Equilibrando-se
- dependurando-se -
e a margem do mundo
- desde sempre -,
confusão inútil - disse -.
Não queria aquela pequena barca de mundo, de gente, de carros, de grades, de pressas...
_ Desça, criatura!
- O Tempo já na sua falta de camaradagem.
Não me lançarei! Não em bosque humano, me renegue!
- disse a criatura - em vão - é claro.
E foi lançada como mosca desvalida das asas
- em espiral confuso -
dando voltas e mais voltas em vertigem até o chão.
E todo o seu corpo doeu,
- e gritou -
corpo rubro que se expande pela primeira vez...
Mortal
- enraizou-se medo,
fragilidade transportada para outros braços
- feito corrente num animal de guarda -
perdeu a autonomia .
Jaz ébria numa cultura de veias e sangue.
Corria da vida na linha sob os pés que vai sem tempo no idioma dos anjos...
Agora é ser domesticado junto à gargalhada dos deuses e de árvores empoeiradas de morar entre os homens.