RECEITA ESCONDIDA

Quão doce foi minha queda, e por quantos dias a saboreei...

Vieram me cumprimentar depois, surgiram por entre sombras e penumbras, cada qual numa veste diferente...

Fui solícito e desejei tempos melhores e saúde a todos, mas quem sabe o que reserva a vontade humana... quem soube morreu e deixou a receita escondida

Ou a queimou.

Quem me fez não teve a intenção do ato, mas eu dou a deixa do perdão, aplico a pena mínima e sigo sem remorsos

Um dia, quando tudo ficar translúcido com um pedaço de tecido humano embebido em xilol, talvez as almas também fiquem iguais...

E aí, quem sabe, tudo tome uma forma menos vulgar e as crenças provem sua razão de ser.

Caio Braga
Enviado por Caio Braga em 27/12/2017
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