Alma sonhadora
Eu sou da roça, tenho vida dura
Não tenho leitura, mas eu sei rimar
Na minha luta, difícil, pesada
Eu rimo a enxada com meu capinar.
Eu faço a rima assim... como quem planta
E o sertão canta, vai de cima a baixo
E os meus versos nessas linhas tortas
Vão enchendo grotas, cacimba e riacho.
De pé-quebrado, meu verso é malfeito
Mas reflete o peito de um lavrador
Que à tardezinha, ao voltar pra casa
Se aninha na asa de seu grande amor.
Mas no meu peito, minha pobre alma
Nunca se acalma, tá sempre inquieta
Escrevendo verso e fazendo rima
Nunca desanima, sonha ser poeta.