Natal
Deixo fluir o espírito do Natal
que bate forte, no fundo do meu peito.
Permito esvair-se de mim todo o mal,
toda mágoa... e o sofrimento não refeito
pela ventura que possuí um dia...
porém, que se foi com os entes que partiram.
Pra exorcizar a grande melancolia,
por tantas perdas que outrora me feriram,
concedo doer, sangrar toda essa dor,
que sem piedade, desluz minha alegria.
No entanto, talvez... quando possível for,
quero mergulhar minha alma, hoje vazia,
na profusão de luzes incandescentes,
que enfeitam e dão vida às noites natalinas;
Avigorar as cores evanescentes
da minha vida, torná-las cristalinas.
Só assim encontrarei algum lenitivo,
para aceitar minha crua realidade,
para secar este meu pranto aflitivo,
destravado na solidão da saudade.
Para afastar a tristeza abominável
que me rasga a alma com seu punhal,
permito-me afundar no imponderável,
pra renascer, do nada, neste Natal!