ESQUECI DE TE ESQUECER

1952, mês de novembro,
lá em Barbalha eu nasci,
na igreja matriz me batizei,
roendo pequis eu cresci,
no Grupo Escolar
Martiniano de Alencar,
orgulhosamente estudei,
no rio salamanca me banhei.
Minha cidade doce mel,
vestindo verde canavial
minha deusa, meu céu,
no bagaço da cana eu brincava,
no embalo dos tachos dormia,
no apito do engenho despertava.
Barbalha minha doce amada,
eu menino acreditava,
que os teus sonhos eram meus,
por isso te quero tanto,
saudades do teu cheiro,
do teu mormaço,
daquele frio gostoso,
lá na Serra do Araripe,
banho de bica no Caldas,
o balneário de todos nós,
festa do pau da bandeira,
festa da rapadura,
meu medo dos penitentes,
na minha cabeça de menino,
eram almas penadas.
Meu lindo cine Odeon,
envaidecia a cidade,
era o chic que ela tinha,
hoje em dia não tem mais.
Barbalha mundo exclusivo,
meu universo cultural,
nesse menino que eu fui.
Separados pelo destino,
65 novembros depois,
esqueci de te esquecer.

Autor Benedito Morais de Carvalho (Benê)
São Paulo, 23 de dezembro de 2017