PÁLPEBRAS...
Não és feliz, nem mesmo és contente
O nascimento é morte para alma,
Mas esqueceram de dizer sem trauma
À vida, essa estrada confidente...
Ilude teu olhar com sol nascente...
Mas deixa o céu azul pra tua calma
Produz um colorido que se espalma
Até seu espetáculo poente...
Mas vês que de repente vem imensa
A treva como onda invencível
Que apaga cada cor sem diferença...
Na noite, lápide inacessível
Enterra-te num sonho que não pensa
E acorda-te do sono incognoscível...
Vem outro dia, nasce na mesmice?
Um mesmo sol aquece, o dia passa
Se chega o entardecer é pela graça...
Aí recordas tempo que disfarça
Com a lembrança, pura meninice
Em teu futuro tempo de velhice...
Mas como vento, tempo se transforma
O seu temperamento no convívio
Por toda atmosfera imprevisível
A noite com o dia se conforma...
Na madrugada em sua plataforma
Esconde-se um desfile desprezível
Nas pálpebras num aparente alívio
Quando se fecham para a micro-forma...
Autor: André Luiz Pinheiro
12/11/2017