Cotidiano

Penso-te sofisticado

Leio os teus traços

no escuro

não vejo os cataventos

alguns ventos que me brisam

o cheiro do café

mas os pressinto sabendo tê-los

em alta estima

Na copa, repito versos

que esqueço amanhã

separo feijões sobre a pia

e os coloco na panela de pressão

tranformação

é humana a loucura

mudas e sementes

tranformação

Me penso menino

e fui rio

nervoso e dócil

sempre preocupado

corria olhando para trás

escrevo olhando o agora

e não há nada

desespero-me afastando-me

de uns caminhos pensados certos

e se abre um mundo jamais pensado

prêmios, escapulários, bagagem

predigo-me enfastiado

no embalo oculto do que procuro.

Jardel Rodrigues Ferreira
Enviado por Jardel Rodrigues Ferreira em 21/12/2017
Reeditado em 21/12/2017
Código do texto: T6205023
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