Cotidiano
Penso-te sofisticado
Leio os teus traços
no escuro
não vejo os cataventos
alguns ventos que me brisam
o cheiro do café
mas os pressinto sabendo tê-los
em alta estima
Na copa, repito versos
que esqueço amanhã
separo feijões sobre a pia
e os coloco na panela de pressão
tranformação
é humana a loucura
mudas e sementes
tranformação
Me penso menino
e fui rio
nervoso e dócil
sempre preocupado
corria olhando para trás
escrevo olhando o agora
e não há nada
desespero-me afastando-me
de uns caminhos pensados certos
e se abre um mundo jamais pensado
prêmios, escapulários, bagagem
predigo-me enfastiado
no embalo oculto do que procuro.