DOR COLATERAL

Devemos honrar nossa toca

aquele pedaço de chão que nos acolhe sem cara feia

o porto seguro que nunca se fechará para manutenção.

Devemos preservar nossa toca

mesmo que esteja em vigor de putrefação

se estatelando em mil pedaços

numa tresloucada agonia.

Devemos encantar nossa toca

fazendo suas vértebras vibrarem de tanto aplaudir

deixando seus cantos com tal brilho

que ofuscarão os olhos de Deus.

Devemos abraçar nossa toca

mesmo que só nos inunde de desdéns sem breque,

dilacerando cada raiz com folia de um furacão.

Devemos cantarolar para nossa toca

deixando seus poros numa alegria gigante

sublimes dádivas que sempre quisemos untar.

Devemos perdoar nossa toca

relevando seus tumores, rebarbas, desvios, chicotadas,

e então, por certo, a teremos aveludada sem dor colateral,

abençoando seu legado com ternura que nunca dirá adeus,

nunca mesmo.

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 21/12/2017
Código do texto: T6204475
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