Carbono
O pequeno espaço vago no alto da minha barriga
é o estômago ferido pelo o que havia
nas garrafas que me cercam.
A noite é fria e solitária,
como todas outras foram e serão.
Penso em Carbono e sua facilidade de adaptação.
Em tudo que olho vejo um pouco de Carbono,
me esqueço das feridas por dentro.
Penso na pedra rolando por Sísifo
cada vez que chega ao topo,
os goles na bebida se tornam menos amargos.
Ninguém bebe porque está feliz,
(há outras coisas transfiguradas em euforia, e elas são negras)
apesar de todos sorrisos por trás das tristezas.
Ninguém sabe realmente para onde vai e de onde veio,
mas de uma coisa estou certa,
além da dor aguda que se expande no meu estômago em água-ardente
a única certeza que tenho
é sobre o Carbono.
Essa certeza é melhor que nada,
talvez seja tudo.