Ideia

comove ouvir o rumor da brisa a soluçar nas flores

em tantos caminhos efêmeros,

em tantos amores pulsando,

a suspirar

inundando palavras que se compõem

em tantos traços

e com as quais se escrevem

e se denotam a vida e a morte

contrai-se o sonho na noite sem nome,

a opacidade do amor nos dias sem fim

dedilhados sílaba a sílaba

extasia o fim de tarde a beliscar as cores

que ressumam de um sol poente

vermelho cúprico

laranja

lilás

quilha e fronteira entre o dia e a noite

na surdez branda do vento

arrancando ao ventre túrgido da terra,

prenhe das noites,

a ideia,

onde se alarga o momento de ir embora

e nunca mais,

nunca mais voltar