DO QUE MAIS TENHO MEDO.

Tenho medo das minhas feridas, dos meus saltos,

das minhas alegorias.

Tenho medo dos meus porões, das minhas ciladas,

dos meus engasgos.

Tenho medo das minhas trancas, das minhas sobras,

dos meus quintais.

Tenho medo dos meus sonhos, das minhas cargas,

dos meus gostos.

Tenho medo das minhas fantasias, dos meus remendos,

da minha dor.

Tenho medo das minhas almas, dos meus apreços,

da minha solidão.

Tenho medo dos meus frutos, das minhas forcas,

dos meus senões.

Tenho medo da minha maldade, do meu pecado,

da minha cor.

Tenho medo dos meus sorrisos, dos meus ninhos,

da minha paixão.

Tenho medo dos meus contrapesos, das minhas sombras,

do meu coração.

Tenho medo dos meus nervos, das minhas saídas,

do meu fim.

Tenho medo das minhas vozes, dos meus melados,

do meu Deus.

Tenho medo dos meus serrotes, das minhas rebarbas,

dos meus horizontes.

Tenho medo das minhas entranhas, dos meus passados,

da minha razão.

Tenho medo dos meus fugidos, das minhas mulheres,

dos meus donos.

Tenho medo das minhas porradas, dos meus escritos,

das minhas farsas.

Tenho medo da minha vontade, do meu poente,

da minha desilusão.

Tenho medo das minhas mortes, dos meus caminhos,

dos meus corações.

Tenho medo da minha saudade e de nada mais,

nada mesmo.

Em homenagem ao meu pai.

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 12/12/2017
Reeditado em 13/12/2017
Código do texto: T6197421
Classificação de conteúdo: seguro
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