Casa no campo florido
O sereno marcou minha face
Preso na casa sem companhia
A hora caminha lentamente
Poucos raios de sol me alegra
Com o vapor de minha boca
O frio cobre minha solidão
Pensamentos navegam pelo ar
Nesse mundo que não conheço
Faço um trago do aguardente
Ouço os cães bem distante
O fogo da lenha aquece meu charque
Deixo que a preguiça me fortaleça
O som do vento no telhado
Me acalmo cobrindo com o poncho
Olhando pela janela a neblina no campo
Me alegro ouvindo os pássaros
Com eles passo a cantar:
“Canta, canta, canarinho, ai, ai, ai
Não cante fora da hora, ai, ai, ai
A barra do dia, aí vem, ai, ai, ai
Coitado de quem namora!...
(trecho extraido do livro de Guimarães Rosa,
Sagarana)