Carta

Soprei todos os meus ventos para longe

Como um anjo cansado de suas asas

Como uma senhora que varre o quintal

Como um carteiro que não recebe cartas

Soprei todos os meus ventos de mim

Ontem,

A vida estava um pouco mais sensata

Mas gosto mesmo desses dias loucos

Nos quais não me reconheço no espelho

Ontem,

Olhava para fora da casa em demasia

Querendo desvendar velhos segredos

E meu coração secreto de paixões

Pulsava no deserto da sala de não estar

Soprei todos os meus ventos para lá

Para além de minha vida comportada

Como um paletó oco e opaco

Como uma formiga que se perdeu

Como uma borboleta morta de medo.

Milton Oliveira

12dez/2017

milton antonios
Enviado por milton antonios em 12/12/2017
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