Longe, longe, longe

palavras...

as palavras de repente doem

carrego-as por que é noite

longe, longe, longe...

é noite

carrego-as por que o pranto é insuficiente

e as horas caminham acordadas

sem descanso

lentamente

e o tempo vem sangrar a minha alma

já não escuto teu nome quando olho para o silêncio e para a lua

já não me alcança o punhal pungente das tuas palavras

longe, longe, longe...

ainda é noite

já não carrego o engano das palavras

e a voz cega que os teus lábios diziam aos meus

longe, longe, longe..

no horizonte onde a tarde morreu sob o frêmito da luz

amadurece o pulsar circular do tempo

para nascer um outro dia

sem você