O REI CASTANHO.
Eu vi a relva,e um céu de bronze
Eu vi o sol fruto amarelo
Senti chover um suor puro
Sobre o chão preto,
Tosco e belo.
Vi no meu pai
Um rei castanho...
Cantando loas sobre o torrão
Em uma mão uma brasa acesa
Sobre a cabeça um gavião.
O seu cantar chorou distante
Como ferido por uma espada
Cessou o riso e a voz rouca
Tremendo a boca... ensanguentada.
Vejo meu sangue fervendo em ouro
Cravo as unhas nos espinheiros
Então meus olhos cor de carvão
Acende luzes de candeeiros
Não sei de onde ruge o orgulho
Cingindo em mim raio tão fino
Fura o meu peito já retalhado
Punhal dourado e assassino.
Ando cego tateando em solo pardo
Debatendo minhas asas no lajedo,
Sinto o sopro da serpente prateada
Ouço o guizo da malvada...
Sinto medo!!!
Mesmo assim vou beirando os aceiros
E as caatingas de fogo e proíbidas
Sou um guará perseguindo cangaceiros
Rasgando as trilhas,esfoladas e feridas.