O REI CASTANHO.

Eu vi a relva,e um céu de bronze

Eu vi o sol fruto amarelo

Senti chover um suor puro

Sobre o chão preto,

Tosco e belo.

Vi no meu pai

Um rei castanho...

Cantando loas sobre o torrão

Em uma mão uma brasa acesa

Sobre a cabeça um gavião.

O seu cantar chorou distante

Como ferido por uma espada

Cessou o riso e a voz rouca

Tremendo a boca... ensanguentada.

Vejo meu sangue fervendo em ouro

Cravo as unhas nos espinheiros

Então meus olhos cor de carvão

Acende luzes de candeeiros

Não sei de onde ruge o orgulho

Cingindo em mim raio tão fino

Fura o meu peito já retalhado

Punhal dourado e assassino.

Ando cego tateando em solo pardo

Debatendo minhas asas no lajedo,

Sinto o sopro da serpente prateada

Ouço o guizo da malvada...

Sinto medo!!!

Mesmo assim vou beirando os aceiros

E as caatingas de fogo e proíbidas

Sou um guará perseguindo cangaceiros

Rasgando as trilhas,esfoladas e feridas.

Ebenézer Lopes
Enviado por Ebenézer Lopes em 10/12/2017
Código do texto: T6195145
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