natureza e realidade
os pássaros cantam alegres
canto simples de cada um
gorjeiam inocentes sem maldades
alimentam com os frutos
a natureza não reclama, agradece
voam assustados e tristes,
deixam seus ninhos, com seus filhotes
apressados rodeiam e piam nervosos
querem proteger suas crias
alguns até enfrentam com bicadas
outros espiam tristes sem força
homem quer retirar os filhotes
voos rasantes faz o alerta
o ingrato desiste deste
caminha a procura de um mais fácil
seu prazer é realizado
as lágrimas dos pássaros são secas
seus piares são tristes
não há alentos que os consolem
o sofrimento é secreto, ninguém vê
somente o tempo explica
desabafo é calado
o amanhecer é triste e sem canto
no verão novamente vem o pavor
os fogos, as queimadas no seu habitar de novo ameaça
seus ninhos são bem arquitetados
entre os galhos e folhas são protegidos
novamente a alegria aparece
o canto simples é o acalanto
se falam pelos bicos
esta ninhada é salva
novos pássaros voam na natureza
no inverno suas penas é o cobertor
o alimento são os insetos
ajudam o homem com o equilíbrio
o homem ingrato não agradece
sua educação é falsa
sua consciência é cega
da água que bebe, está poluída
os pássaros inocentes, matam a sede
na terra seus corpos são tombados
sábia a natureza reage
na primavera floresce
a respiração do homem é pura
de nada entende, nem agradece
apenas reclama sua febre
com a condensação das nuvens
chega a hora do plantio
na terra farta, a semente é semeada
o alimento brota
a natureza colabora
a colheita é abundante
a nutrição não é dividida
a ganância faz os grãos apodrecerem
o preço não compensa
o atravessador faz o preço
sobra para o povão, o lixão
o produtor irado
depois de ter usado o arado
o imposto foi cobrado
é triste o cenário
nossos representantes calados justificam
a coragem de revolta é repreendida pela farda
o grande quer o perdão do governo
para os fortes reúnem a cúpula
para os pequenos a execução da dívida, fica sem a sua terra
para o consumidor sobra o preço
escolhe, escolhe, escolhe, leva pouco
aquele dia foi de festa
enfim alimentamos
o choro foi pequeno
amanhã será outro suplício
os menores ajudam na cesta
na escola os bancos ficam vazios
o sono foi maior
amanhã é outra tarefa
talvez posso chegar
o horário é rígido
a luz é forte
o calor intenso
o chapéu faz a proteção
a pele escura resiste
a tarde demora chegar
o caminho é longo
a oração é de cada um